Com o tema “Adoção, um amor que transcende o previsível”, a Ordem dos Advogados do Brasil seccional Acre (OAB/AC) realizou na última sexta-feira, 24, a primeira roda de conversa sobre adoção. O evento, feito pela Comissão da Criança e do Adolescente (CCA) em parceria com a Associação Brasileira dos Advogados (ABA) e o Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJ/AC), abordou sobre os procedimentos corretos para a adoção e esclareceu dúvidas sobre o tema.
Aberto ao público em geral, mas focado para pessoas que desejam realizar a adoção de uma criança, a roda de conversa contou com a participação da presidente da CCA, Lorena Torres – que levou o próprio exemplo relatando como conseguiu adotar uma criança -; da desembargadora e coordenadora da Infância e Juventude, Regina Longuini; da juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude, Rogéria Epaminondas.
Roda teve participação de todos os personagens envolvidos em um processo de adoção (Foto: Andressa Larissa).
Também participou da ação a assistente social da Vara da Infância e da Juventude de Rio Branco, Alcinélia Moreira. Lorena Torres, que também integra a ABA, destacou que a roda de conversa foi o primeiro projeto realizado pela comissão em conjunto com a associação. “Quisemos conscientizar sobre a importância da adoção. Abordamos temas que cessam preconceitos sobre o assunto, explicando quais os mecanismos para efetivar uma adoção e desmistificar”, disse Lorena.
Durante sua fala, a presidente da CCA e ABA contou que em 2015 adotou a pequena Sarah Mariá. No bate-papo, a desmistificação sobre o tema foi explanada pelos convidados e participantes Cleísa Cartaxo, mãe de duas meninas adotadas, e o jovem Gustavo Brandão, que foi adotado recém-nascido. O tema também foi discutido pelo psicólogo Daniel Arruda, do Educandário Santa Margarida, e uma mãe que entregou o filho para adoção. Todos eles relataram sobre situações cotidianas sobre o tema.
“Adoção não é ato de piedade ou de coragem, é um ato de amor, somente isso. A roda veio justamente com essa proposta de apresentar, de fato, o que é a adoção para todo mundo. Também quisemos deixar claro para as pessoas que participaram do evento que o único fundamento que existe é o amor. A partir disso tentamos quebrar diversos estigmas existentes a respeito desse assunto e mostramos como adotar muda a vida da criança e do adulto”, concluiu Lorena Torres.
Dia Nacional da Adoção
A roda de conversa foi realizada em referência ao Dia Nacional da Adoção, comemorado no último sábado, 25 de maio. A data promove debates sobre o direito da convivência familiar e comunitária com dignidade, um dos princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Com depoimento interrompido por lágrimas de emoção, Cleísa Cartaxo contou sobre a dupla felicidade por ter adotado duas crianças: Ana Vitória, oito anos, e a Maria Clara de quatro anos.
Segundo ela, a adoção das pequenas trouxe uma felicidade e sentido na vida a partir do momento conheceu as crianças. Cartaxo acredita que nessa etapa a pessoa enxerga a vida de uma forma diferente. “Adoção é vida! Esse processo só não vem de um parto físico, mas vem de um parto emocional, de uma espera que, para muita gente, é longa. Mas isso representa toda uma maturidade de uma gestação de quem quer muito ter aquele filho e amar uma criança”, ressaltou.
Entregar um filho para adoção é um direito garantido por lei à mulher. No encontro, uma jovem mãe relatou os diversos motivos que a levaram a entregar o filho. Ela disse que a entrega foi baseada no amor, por ter reconhecido a falta de condições de criar a criança. Foi com esse pensamento que Gustavo Brandão foi adotado ainda recém-nascido. Durante a fala, ele contou sua história de vida.
“Estou muito feliz por esse evento ter oportunizado para a gente contar sobre a nossa história. Isso é importante para que possamos ser reconhecidos. A adoção não é só tirar a criança de um local para ter um filho. Adoção é ter amor. Agradeço muito aos organizadores que produziram esse encontro, espero que isso seja feito várias vezes”, pontuou Brandão. A equipe da CCA informou que eventos semelhantes sempre serão feitos pela comissão. O próximo será uma corrida para incentivar ainda mais a população sobre a adoção e está prevista para o mês de junho.