A terceira edição da Conferência Estadual da Mulher Advogada, que começou na quarta, 19, e foi encerrada na quinta-feira, 20, provocou uma série de discussões propositivas relativas à advocacia feminina e o contexto geral. Avanços conquistados pelas mulheres dentro do sistema de Justiça nos últimos anos, os desafios que ainda precisam ser superados para debelar o machismo em qualquer tipo de ambiente e as perspectivas profissionais no mercado de trabalho foram algumas das óticas abordadas.
O encontro, norteado pelo tema “Garantia e Direitos da Mulher numa Perspectiva Atual” e promovido pela Comissão da Mulher Advogada (CMA) da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Acre (OAB/AC) também focou na sobrecarga de trabalho que as mulheres tiverem na pandemia, o machismo estrutural, o silenciamento da figura feminina, as violações das prerrogativas, os diferentes tipos de assédio sofridos, a participação da mulher na política e empreendedorismo feminino no mercado.
Foi a primeira atividade da OAB/AC realizada no sistema híbrido – participação presencial na sede da entidade e online – desde o início da pandemia. Para garantir a segurança dos participantes, todos os protocolos de segurança estabelecidos pelo Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 foram rigorosamente adotados no encontro. Vice-presidente da Seccional Acre, Marina Belandi destacou na ocasião as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no isolamento e as perdas causadas pelo coronavírus.
“Dentro da nossa casa [a OAB] esta temática sempre esteve presente no dia a dia, agora estamos amplificando para o restante da sociedade. Como instituição, somos a voz das mulheres e temas importantes sempre precisam ser discutidos para que haja uma mudança de cultura, que atualmente nos subjuga em todos os contextos. Traçamos metas a partir de ponderações feitas ao longo da conferência para implantar ações concretas. Espero que haja avanços para o futuro”, declarou Marina.
Isnailda Gondim, presidente da Comissão da Mulher Advogada, enfatizou que a participação de figuras femininas de renome nacional nas áreas do Direito e da política ao longo dos dois dias foi essencial para trocar experiências e se ter novas perspectivas de atuação. Para ela, a conferência despertou o olhar das participantes para perceberem as violências veladas cometidas contra as advogadas e mulheres em geral, além de alertar para a necessidade de maior sororidade na luta do dia a dia.
“Juntas conseguiremos chegar muito mais longe do que o alcançado até agora, precisamos ter empatia pelas mulheres. A violência doméstica é um fenômeno multidimensional e também afeta a nossa classe, por isso precisamos estar atentas a isso para ajudar as nossas colegas quando for necessário. Alcançamos a tão sonhada paridade e agora é o momento de ocuparmos os espaços de poder e decisão para que tenhamos uma sociedade mais justa, igualitária e segura para as mulheres”, pontuou Isnailda.
Há mais de um ano em isolamento social, a advogada Aliane Celestrini saiu de casa e compareceu ao primeiro dia da atividade na sede da Seccional com muito ânimo. Ela se disse feliz por rever as colegas e participar novamente de forma presencial de um evento. “Além de ser muito importante, é um trabalho essencial por aproximar a advocacia depois desse longo período. Deu um gás para todas nós, que aos poucos estamos voltando a advogar de forma presencial”, falou.
A conselheira federal Cláudia Sabino, que também é secretária-geral da Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA), lembrou que o trabalho desenvolvido no evento serviu para conscientizar as mulheres advogadas sobre as prerrogativas delas, essenciais para o trabalho diário. “Esse tipo de evento vem justamente para dar fôlego e força às mulheres advogadas. O debate traçado aqui gerará ações concretas de mudança e transformação nos ambientes da nossa atuação profissional”, encerrou.
Veja as fotos do 1º dia e do 2º dia de evento.